terça-feira, outubro 28, 2008

O primeiro passo foi dado





“Amanhã, posso voltar a usar bermuda e chinelo”. A afirmação aliviada de Fernando Gabeira, "carioca" nascido em Minas, ao reconhecer às 19 horas de ontem a derrota, num hotel em Copacabana, provocou risos e deu o toque de descontração numa entrevista emocionada: a filha Maya, surfista campeã de ondas grandes, não segurou o choro; a mulher do deputado, Neila Tavares, foi aplaudida calorosamente ao receber beijos carinhosos e agradecimentos do marido; os militantes cantaram o jingle “Rio de Gabeira” agitando bandeiras. As ruas da Zona Sul estavam desertas à noite e pareciam de luto depois de um domingo de sol implacável, praias lotadas e trânsito parado. A Zona Sul do Rio deu a Gabeira mais de 70% dos votos. 

Na saída do hotel, vi uma mãe tentando explicar a derrota para seu filho de 10 anos, inconsolável: "Meu filho, o importante é que fizemos tudo o que podíamos. A vida é assim. Não se ganha sempre. O importante é a nossa consciência." A cena era comovente. O pai e o filho mais velho assistiam, e o garoto choramingava, inconformado com a derrota do verde. Esta foi uma eleição diferente no Rio, normalmente blasé. Apesar da alta abstenção de 20% (927 mil eleitores) – atribuída ao sol forte e ao feriadão dos servidores públicos, decretado pelo governo Sergio Cabral –, a temperatura emocional do Rio subiu nessa polarização. A militância e os voluntários que trabalharam na campanha de Gabeira estavam ali só pelo coração. 

Por que Gabeira perdeu? Por um conjunto de circunstâncias conhecidas, todas elegantemente negadas ontem pelo deputado, que não deseja estimular feridas abertas no jogo sujo do segundo turno. Gabeira insiste já ter esquecido “os ódios” e se diz disposto, de cima de 1,6 milhão de votos, a ajudar a cidade partida a se unir, como articulador da sociedade. Pesaram, para a sua derrota no fotochart – uma diferença de 55 mil votos, menos do que a lotação do Maracanã –, vários fatores. Em primeiro lugar, a união das máquinas estadual, federal e universal. O governador Sergio Cabral, o presidente Lula e o pastor Crivella costuraram uma aliança de última hora para subjugar o intelectual franco-atirador. Lula esqueceu as divergências com Paes, aceitou carta de desculpas, e mandou sua tropa de elite – Dilma, Tarso Genro e outros – jurar apoio político e ajuda financeira ao candidato do PMDB. Paes cansou de bater, nos debates e nos programas, na tecla de quantos milhões viriam para o Rio se ele se tornasse prefeito. Ou como o Rio ficaria pobre e isolado se Gabeira fosse o escolhido. 

Pesou também a divisão da esquerda, com antigos amigos como Carlos Minc e Vladimir Palmeira pedindo votos contra Gabeira, fechados com o PT de Lula, à revelia ou não. Pesou a campanha agressiva de Jandira Feghali, do PCdoB, atuando incansável contra Gabeira, saindo às ruas junto com Paes, a vingança sibilando entre os dentes por não ter chegado ao segundo turno. Pesou a gafe de Gabeira chamando em telefonema particular a vereadora Lucinha, mais votada do Rio e líder na Zona Oeste, de suburbana e analfabeta política, por causa de uma divergência sobre aterro sanitário. A partir dali, a onda verde, que parecia inundar o Rio de maneira irreversível, estagnou. Paes se agarrou a essa frase, solta numa conversa ao telefone, com unhas e dentes. Partiu para cima. Gabeira disse que do limão se fez uma limonada, ele pediu desculpas publicamente, e Lucinha virou uma leoa como cabo eleitoral dele na Zona Oeste. Mas o estrago tinha sido feito. Esse episódio deve ter abalado muito o candidato. Na coletiva da derrota, ele disse, com a humildade de sempre, ao refletir sobre seu desempenho na campanha: “Tenho que ser mais hábil. Tenho muito ainda a aprender”. Mesmo assim, Gabeira teve 42% dos votos na Zona Oeste. Pesaram também os milhares de panfletos apócrifos distribuídos por vans de Paes com acusações falsas e pesadas contra Gabeira, distorcendo suas idéias em torno de temas polêmicos como prostituição e drogas. Pesou o dinheiro gasto na campanha de Paes. Muita grana rolou.

Mas, talvez a pergunta mais importante não seja essa. O que causa mais espanto é: como Paes ganhou por irrisórios 55 mil votos? Na verdade, matematicamente, se metade mais um pouco desses votos tivessem sido dados a Gabeira, o Rio teria acordado hoje com um prefeito do Partido Verde. Ou seja, se 23 mil eleitores do Paes tivessem votado em Gabeira, a história seria bem outra. Foi a eleição mais disputada na história do Rio de Janeiro. Como Paes poderia explicar a derrota? Difícil. Faltariam motivos. Ou seria um motivo só. Gabeira teria vencido por causa de sua biografia. Convenhamos que ser apoiado pelo prefeito mais impopular do Brasil, Cesar Maia, não ajuda ninguém a vencer eleição. Tanto é que Gabeira, no último debate de TV Globo, viu-se na obrigação de criticar Maia como “o prefeito que virou escritor com seu laptop”. 

Quem não está no Rio não tem idéia do que foi a campanha improvável de Gabeira. Sem cartazes. Sem aqueles cartazes com fotos pasteurizadas de candidato emporcalhando a cidade. Sem baixaria. Sem panfletos nem ataques. Sem máquina. Com pouco dinheiro. Gabeira gastou R$ 4 milhões em toda a sua campanha. Recebeu doações de particulares até de 10, 20, 30 reais. Gastava mais para coletar essas doações do que o valor absoluto delas. Num país viciado numa forma antiga de se fazer política, baseada em promessas, máquinas e fortunas, o candidato do PV fez o oposto. E encantou metade do Rio de Janeiro. Talvez mais da metade. Ontem, pela cidade, testemunhei algumas cenas insólitas. No centro da cidade, crianças que acenavam bandeiras com o numero 15, de Eduardo Paes, correram atrás do Gabeirão – como foi batizado o carro aberto estilo Indiana Jones usado na campanha do deputado – aos gritos para chegar perto, beijar e chamar atenção: “Gabeira, Gabeira!”. Na Tijuca, quando passava o jipão, uma senhora comentou: “Não voto nele, mas gosto dele”. Qual dos dois candidatos teria mais rejeição no Rio de Janeiro? 

Comentaristas políticos escreveram muito apontando esse embate como uma disputa de estilos: o mauricinho profissional contra “o coroa animado e moderno”, como o descreve Nelson Motta, o paulista mais carioca que eu conheço. Não fez bem a Gabeira o figurino do segundo turno. Ternos que o deixavam constrangido, muito longe da roupa casual que o rejuvenesce e o deixa mais à vontade. Ontem, numa casa tradicional de sucos em Ipanema, uma senhora com um cachorrinho dizia para as amigas: “Nossa, como o Gabeira é mais bonito pessoalmente”. O figurino cronometrado dos debates em camisa de força também não favorece Gabeira. Idéias que precisam ser resumidas em um minuto. Jogos de câmera que privilegiam quem discursa de punho erguido em palanque e não a quem conversa olhando com cortesia para seu interlocutor. No debate da TV Globo de sexta-feira, algumas coisas chamaram a atenção: o maquiador que nos intervalos ia colocar pó de arroz na face brilhante de Paes, as mais de 100 referências de Paes à “parceria com o governo federal”, e a assertividade do peemedebista. Paes foi muito assertivo (“vamos fazer isso, vamos fazer aquilo”), e parecia ter um discurso decorado à base de muito treinamento (diz-se que foi importado um consultor da Finlândia para treiná-lo, o que deve ser piada). O resultado foi que, em muitos momentos, Eduardo Paes lembrou Fernando Collor – o que não o favorece. Os adeptos de Gabeira cobravam dele atitudes que nada têm a ver com seu temperamento: seja mais agressivo, ignore Paes e olhe para a câmera. Esse segundo turno deve ter esgotado emocionalmente o candidato do PV. O assédio (mesmo dos fãs ansiosos) extrapolou todas as expectativas para quem sonhava, no início, apenas em marcar uma posição. 

Diante do quadro, a vitória de Paes não surpreendeu. A surpresa foi ter vencido por tão pouco. O milagre quase inexplicável é como Gabeira começou a disputar a eleição com 5% de preferência do eleitorado sem sair disso por meses, chegou ao primeiro turno com 25% e acabou a eleição com quase 50%. Paes saiu de 35% no primeiro turno para pouco mais de 50% no segundo, com um arco de 11 partidos unidos em torno dele. É evidente que Gabeira não pode mais ser considerado um porta-voz dos ricos e escolarizados. O Rio de Janeiro, é óbvio, não tem metade de sua população encaixada nesse perfil. Longe disso. Gabeira representou um voto de protesto contra a política tradicional e seus ranços, um voto de confiança na honestidade, no bom humor e na independência. 

Partindo dessa votação mais do que expressiva, Gabeira pode sonhar ou batalhar para se tornar senador ou governador em 2010. Será que não foi melhor para Gabeira perder essa batalha, para depois ganhar a guerra? Esta foi uma derrota eleitoral, mas uma vitória política. Gabeira saiu muito maior desta eleição do que entrou. Se ele tivesse ganhado, também seria por uma margem pequena. Assumir a prefeitura sabendo que metade da cidade não votou em você é um tremendo desafio. Pior ainda é ganhar contra o candidato de Cabral e Lula, no sentido prático da gestão. Gabeira disse esperar, pelo bem do Rio de Janeiro, que Paes coloque em prática todas as propostas e cobre do governador Cabral e do presidente Lula todos os investimentos sociais. E se colocou à disposição do novo prefeito, a quem parabenizou pela vitória. 

Em sua entrevista coletiva ontem à noite, por mais que estivesse abatido com a derrota, Gabeira se recusava a considerar o resultado “um balde de água fria”. E parecia mais à vontade do que na reta final da campanha, quando seu rosto adquiriu um travo ressentido, e o sorriso rareou. Havia, sim, um certo alívio. Até sua filha Maya me respondeu com sinceridade, ontem à tarde, num botequim da Zona Norte, à pergunta se ela queria mesmo que o pai se tornasse prefeito: “Não sei”. O jogo é pesado. Gabeira sabe que Paes terá de suar muito para cumprir metade das promessas que fez ao povo do Rio de Janeiro, e certamente o prefeito culpará a crise. A roupa de Gabeira era mais descontraída e casual. Ele sorriu muito mais – e esses são seus melhores momentos. Não precisava mais representar nada. Na saída, quando um repórter fotográfico pediu a Gabeira que abraçasse de novo o ex-governador Marcello Alencar, na cadeira de rodas, para que fosse feita mais uma imagem, ele respondeu sorrindo: “Olha, não leve a mal, mas eu esgotei meu estoque de abraços”.


(TEXTO RETIRADO DA REVISTA ÉPOCA)


Pois é, a verdade meus amigos, é que foi uma vitória! Há anos não se via uma mobilização desse nível, na qual muitos voltaram a acreditar numa nova política! 

Continuo acreditando  num Rio, aquele Rio de Gabeira!

Abraços!


quinta-feira, outubro 16, 2008

Revolução Política

Protelei, porém farei a minha parte! Não é toda hora que temos chance de mudar certos paradigmas. 

Há mais de 15 anos que não temos uma revolução política no Brasil. Parece brincadeira, mas é esse o tempo que ouvimos as mesmas histórias de fraudes e as mesmas promessas sem nenhum resultado. A política é tão podre, que chega a ser deprimente comentá-la!

Hoje eu sinto que temos chance de quebrar isso. O Rio de Janeiro apresenta um candidato a prefeitura, que dentro todos os políticos, é um dos poucos, que se pode colher algum valor, Fernando Gabeira!

Gabeira só aceitou ser candidato a prefeitura do RJ com algumas condições de campanha, dentre elas:

1) A campanha não agridiria nenhum dos outros candidatos a prefeitura;
2) Não negociaria cargo com nenhum outro político;
3) NÃO SUJARIA A CIDADE com cartazes e santinhos;

Pois é, tudo começa assim! Começar fazendo já na própria campanha aquilo que tem como ideal! Vide que TODOS os candidatos a prefeitura no primeiro turno, agora apoiaram Eduardo Paes agora, após o fracasso em negociações com o PV! Gabeira é também o deputado mais presente na câmara.

Agora, nos debates, entrevistas, propagandas, Gabeira é muito simples e realista nos projetos. Disse por exemplo, que ao invés de passar cargos administrativos para POLITICOS, passaria para pessoas que saibam como exerce-los, como profissionais da área! Com isso ele pretende transformar a cidade, numa grande empresa, com pessoas capacitadas, na qual os clientes, somos nós, cidadãos!
Disse também, que lutaria pela segurança e revitalização do Rio de Janeiro, aquele Rio de muitos anos atrás!

Posso estar enganado, mas é a primeira vez que acredito em mudança. Mudar o valor da palavra política! Poder acreditar mais uma vez, que existe uma solução! Portanto meus amigos,  se o fato se concretizar, vivenciaremos uma revolução de ideais e político! Felizmente junto comigo, muita gente acredita nisso! Li durante anos, várias crônicas prevendo o que vos falo agora!

Pois é, eu acredito em ideais e não em terno e nomes bonitos! =]

Abraços!

sexta-feira, outubro 10, 2008

Eleições

Existem três tipos de pessoas: Aquelas que acreditam em valores éticos e humanos, aquelas que acreditam numa boa fachada e aquelas que são ignorantes.

Assim funciona uma eleição.

Falar de política com as pessoas é algo muito complicado, principalmente se a pessoa é agarrada na figura de uma pessoa. É tão complicado, que chega a me deixar triste, e perder o respeito por uma pessoa ou outra. Não sei se é pela ignorância, ou simplesmente por não ter valores.

Votar é escolher uma dessas três opções, não há erro! É claro, que as pessoas discutem pessoas e não valores! Se você parar para analisar é um fato. Infelizmente ninguém acredita.

Cito as eleições do Rio de Janeiro, por um lado um "cheirador", e do outro um ex secretário dos esportes. É claro que ninguém parou para ver os dois falando, porque se parasse identificaria os dois dentro daquilo que falei acima.

Logo meus amigos, votar é muito mais do que escolher pessoas, é confirmar aquilo que somos e no que acreditamos. É escolher a pessoa que representa nada mais do que simplesmente VOCÊ! Não é partido, não é número, e não NECESSARIAMENTE o plano de governo, pois convenhamos, pessoas mentirosas não cumprem aquilo que dizem. 

Enfim, cuidem-se na hora de escolher seus semelhantes!